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  • Foto do escritorEdson Tavares

OS NOVENTA ANOS DE JOÃO FIRMINO


Foi no dia 27 de janeiro de 1929: nasceu o garoto João, no sítio Situação, de Taquaritinga do Norte-PE. Filho de José Firmino da Costa e de Amara Cordeiro de Jesus.


Como seus irmãos e irmãs (Raimundo, Guilherme, Jacinta, Margarida, Maria de Lourdes e Severino), João logo cedo dedicou-se à agricultura, em terras do seu pai, nos sítios Situação e Mateus Vieira, onde estudou as primeiras letras, sendo obrigado a abandonar a escola tão logo aprendeu a soletrar as palavras e assinar o nome.


Aventurou-se pelo mundo, primeiro com o irmão mais velho, Guilherme, num caminhão, para Recife. Depois conheceu, morou e trabalhou em Sete Lagoas, Montes Claros e Januária (Minas Gerais) e em Amparo-SP. Foi ajudante de restaurante e operário têxtil. Estava pelo Centro-Oeste quando Juscelino Kubitschek achou de transferir a capital federal para o cerrado do planalto central; foi um candango, ajudou a construir Brasília. Estava lá na inauguração.



Depois voltou para Santa Cruz do Capibaribe, onde conhecera a professora Maria José Tavares de Lima, sobrinha da catequista e artesã Tomázia Cantuária Tavares, que morava na Rua do Pátio (hoje Rua Raimundo Francelino Aragão). O namoro deu-se na janela, onde a mestra corrigia os cadernos dos alunos. Dona Tomázia não gostava do relacionamento nascente, mas nada pode fazer para impedi-lo e até recebeu João em sua casa, depois do casamento, que se deu em Catende, no dia 9 de fevereiro de 1961.


Viveram os primeiros meses de casados sob a austera companhia de Tomázia, até que conseguiram alugar uma casa na Rua Cel. Luiz Alves (Rua dos Currais), onde, em 1962, nascia o primogênito, Guilherme, que morreu poucos meses depois. No ano seguinte, já morando na Rua João Balbino, nascia Edson; depois vieram Edna (que não sobreviveu), Célia Maria, Edilson e Carmem Lúcia (esta morreu antes de nascer).


João Firmino ao lado da esposa, Maria José Tavares

João Firmino aproveitou todo o conhecimento adquirido em suas andanças pelo país, e, em Santa Cruz, foi fabricante de combongós, espécie de lajota para os muros e paredes; foi cambista de jogo-de-bicho; foi dono de mercearia.


Viveu um casamento regrado financeiramente, mas sem maiores apertos. Chegou a comprar a casa própria. Educou os filhos. Pagou o curso superior da esposa. Não brigavam – pelo menos nunca na frente dos filhos.


Mudaram-se para Caruaru na década de 1980, onde viveram, primeiro na Rua Mestre Tota, depois na Rua Cel. Limeira, ambas no centro, até adquirirem sua casa na Boa Vista I.


O coração de João Firmino dava sinais de que estava doente. A diabetes também se fez presente. E o antes ativo e dinâmico rapaz foi ficando pesado e frágil. Até que a morte o encontrou, sentado no sofá da sala, junto à esposa e à filha, em novembro de 2006.


Este é um resumo íntimo do homem que é meu referencial de honestidade, de retidão, de cuidado pela família.


No dia do seu 90º aniversário, registro a saudade que sinto e a tristeza de não tê-lo mais por aqui. Ele não morreu entretanto, que não morre quem consegue se fazer continuação na sua prole, quem consegue que os filhos pensem e ajam, tendo como princípio, seus ensinamentos de vida. Embora tenhamos estudado e nos formado professores, existem aprendizagens que faculdade nenhuma foi capaz de nos dar; só aquele homem semianalfabeto, que sabia preparar uma macarronada como poucos, e que dava ricas dicas de como viver bem, mesmo com pouco.


Salve os noventa anos de João Firmino da Costa, meu pai!

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