O tampo de madeira substitui o vidro estilhaçado por balas, na biblioteca 2 da Central de aulas da UEPB, uma triste lembrança do lamentável incidente no 1º de abril; agora o ambiente abriga um evento bem mais agradável e adequado à proposta do local
Está acontecendo, no ambiente em frente à Biblioteca 2, da Central de Aulas da UEPB, a Exposição Fotográfica “Campina Grande-PB através de fotografias: a (re)construção da memória cultural, social e histórica dos séculos XIX e XX”, numa promoção do Acervo Dr. Severino Bezerra de Carvalho, da Biblioteca Central da Universidade, e consta de 25 fotos históricas desse período.
O objetivo do evento é apresentar a narrativa memorialística produzida ao longo do ano pelo Projeto de Extensão que tem o mesmo nome da Exposição, e que traz, como resultado, a reconstrução histórica da cidade Rainha da Borborema, através da identificação e interpretação das cerca de 530 fotografias, datadas de final do século XIX a meados do XX, que compõem o acervo da instituição. Esta exposição pauta-se no entendimento da função social da Biblioteca da UEPB, que, além de guardar, preservar e disseminar o patrimônio cultural e histórico da cidade, é também a de publicizar a relação da História de Campina Grande com a identidade de sua população, no tocante a eventos históricos, formas arquitetônicas dos prédios e ruas e suas consequentes transformações, influenciando na formação dos valores, comportamentos e tradições dos moradores da cidade.
Segundo uma das responsáveis pela Exposição Itinerante, Ana Carolina Sousa Silva Aragão, “a gente já vinha fazendo um trabalho técnico com as fotografias, de higienização, de acondicionamento, e percebemos o potencial desse material.” De acordo com Ana Carolina, após um tratamento de recuperação e identificação das imagens, “pensamos em como transformar esse material útil para a academia e para a comunidade, procuramos recuperar, de alguma forma, a história dos eventos, da sociedade, da cultura e da memória local”.
O projeto promove uma parceria com o Departamento de História, através dos professores Luíra Freire e Flávio Santana, já que, como ressalta Aragão, o trabalho “exigiu um estudo sobre a História local, sobre os prédios, a arquitetura, as pessoas envolvidas”.
Para o Prof. José Adilson Filho, do Departamento de História da UEPB, “a fotografia é uma das linguagens mais significativas da vida moderna. Através dela podemos captar e representar signos e emblemas do cotidiano de uma cidade como Campina Grande. Portanto, uma exposição como essa contribui para aprendermos historicamente como a nossa cidade é complexa, diversa e dinâmica, porque atravessada por singularidades e universalidades, permanências e mudanças, que se misturam e se entrechocam, constituindo uma paisagem social multifacetada”.
Assim, a Rua João Leite (atual João Pessoa), o Açude Novo, a Av. Floriano Peixoto, o Açude Velho, o Colégio Estadual da Prata, o Colégio das Damas, entre outros espaços campinenses, protagonizam esta história, contada nos vidros que restaram na biblioteca, e seguem em exposição até o dia 19 de maio.
Cada uma das duas dezenas e meia de fotografias expostas traz ao lado breve histórico, que, apesar de serem textos com alguns problemas de estruturação, procuram situar o visitante no contexto da foto, fazendo com que ele realize uma viagem imaginária das mais interessantes, a um tempo que certamente não viveu e a lugares que jamais conheceu, porque se perderam nas sombras do passado.
Texto: Edson Tavares
Apoio: Thaís Alves