top of page
Buscar
  • Foto do escritorEdson Tavares

A MORTE DE DONA JOSEFA LOPES


Sou o resultado do meu contato com pessoas, fatos e situações, ao longo da vida. Utilizei o legado que me deixaram, para me construir, me formatar, me fazer o que sou. Principalmente pessoas são, então, referenciais, marcos construtores da minha estrada, e saber que vivem e como estão, ou reencontrá-los, funcionam como a rememoração de quão importantes foram para minha formação como gente.


Da mesma forma, saber do desaparecimento dessas pessoas deixa-me com a estranha sensação de estar perdendo minhas referências, os marcos de que falei. É como se eu próprio estivesse, aos poucos, desaparecendo.


Experimentei essa sensação ao saber do falecimento, hoje, de dona Josefa Lopes, em Santa Cruz do Capibaribe, mãe da minha querida amiga Avani Lopes (esta, por si, já uma referência perdida há alguns anos), de Zé Preto, de Marlene, de Cleonice, de Marli (a quem fui levar meu abraço nesta quarta-feira triste) e de Lúcia (que mora na Europa e, provavelmente, não chegará a tempo de se despedir da mãe).


Esposa de Antonio Lopes (desaparecido em 1999), Josefa Lopes Feitosa, nascida em 1935, era a segunda filha de José Gomes Feitosa e de Maria Constância de Araújo Barros. Éramos vizinhos, no bairro Novo, em Santa Cruz do Capibaribe, na década de 1970. Sempre admirei sua beleza, sua simpatia, seu jeito maternal para com todos.


Estive próximo dela novamente em 2007, quando escrevemos a biografia de Avani Lopes (Avaníssima: a vida de uma estrela), e depois fiz-lhe mais algumas visitas, sempre que ia a Santa Cruz. Um pouco debilitada por alguns problemas de saúde, mas ainda atenciosa, simpática e bonita, dona Zefinha, como a chamávamos, sempre teve cor, cheiro e jeito da minha infância. Seu neto André me contou que ela de vez em quando falava sobre mim, comentando sobre minha grisalhice cada vez mais evidente.


Numa triste coincidência, no dia anterior a sua morte, dona Josefa sepultara a irmã mais jovem, Creusa; a família Lopes perde, então, duas pessoas queridas na mesma semana. Santa Cruz do Capibaribe, a Santa Cruz do meu tempo, que conviveu com essa gente boa, está duplamente entristecida. E eu mais ainda, sentindo minhas referências sumindo-se, com o desaparecimento dessa gente querida.


Minha solidariedade, meu carinho e meu abraço a todos da família.











[Fotos: acervo da família]

187 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
Post: Blog2_Post
bottom of page